Queria te ler nas entrelinhas
Não ficar na superfície
Descer às profundezas
Da tua alma...
Queria captar
Ressonâncias invisíveis
A verdade meridiana
O angustiante brado
Do teu mudo olhar
Queria decifrar tua linguagem
Que não entendo
Esvaziar teu coração
Tão lotado de algazarra
Desentupir teus ouvidos
Tão surdos de mim
Queria retirar a cortina de fumaça
Que obscurece teu perfil
Queria teus olhos claros
A me contemplar de frente
Queria te tirar dessa torre de marfim
Dessa atmosfera poluída
Queria que deixasses
De ser tão paradoxal...
Esquivo... indiferente...
Eu queria muito
Que seguisses comigo
E ouvisses no caminho
O canto alegre dos pássaros!