Passeio por alamedas
deixo uma flor
para Charles Baudelaire
dele, queria a emoção
o rigor formal
a maturidade no sofrer
ser boa entendedora
das máculas humanas
Como Bertold Brecht
falar de corda
em casa de enforcado
Uma flor para Bocage
mas não queria
ser propensa
mais ao furor
que à ternura
(triste figura)
Quando chegar
a lua cheia
de braços dados
com Garcia Lorca
irei a Santiago (de Cuba)
Sinto os lábios brancos
como lagos
e braços leves
como afagos
entre sensuais
beijos ardentes
reverenciando
Florbela Espanca
Como lord Byron,
enlouquecida,
tomar meu vinho
numa taça
de crânio humano
E como Neruda
emaranhar meus pés
cair de bruços
sobre a terra escura
enterrando meus olhos
numa poça
só para ver estrelas
Mas o que quero mesmo
nesta última flor em botão
é ser desespero
de uma dízima infinita
ser bela como os deuses
aparecer como espectro
durante o sono de Deus
e me embalar nos versos
do meu poetinha
Vinícius...


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