Desenhei teu rosto
num papel qualquer
Dei cor ao teu sorriso
Sonhei-o
Divinizei-o
Criei-te só para mim
Fiz de tua boca
o cálice sagrado
onde eu sorvia
os mais ternos beijos
Fiz de tuas mãos
conchas pentagonais profanas
que pareciam plumas
ao me acariciar
Mas errei na construção
dos teus olhos
Não os fiz fixos em mim
E eles, inconstantes,
buscaram outros olhos, amantes.
Perdi sobre ti a exclusividade
Não tinhas o direito
Eras minha criação
Amargurada, retirei a bateria
que fazia palpitar
teu ingrato coração
Ficaste inerte
olhos vazios
Voltaste ao papel
de onde nem devias ter saido



 

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