De repente, me pintou uma vontade,
de fazer ao nosocômio uma visita,
um cidadão alto falou: "tenha bondade,"
achei aquela gentileza muito esquisita.

Ele disse:" não tenha receio, sou o PT,
Não fique assustado, não faça confusão,
Eu sou o Pai de Todos, Deus, e você?"
"Sou apenas um curioso, vivo na solidão."

"Se você é Deus, veio de louco dessa vez?"
"Eu pensei bem qual deveria ser a profissão,
Como um carpinteiro, não o filho, talvez.
Não iriam acreditar em mim, com razão.

Quando eu começasse a pregar o amor,
A fraternidade, a solidariedade, a paz.
iam me chamar “o louco”, o pregador,
Onde já se viu, sem cultura, tão loquaz.!

Se concordasse com Godard, o cineasta,
Viria como motorista de táxi, popular,
Do povo saberia seu ganho, quanto gasta,
Mas todos os excluídos, eu iria isolar.

Como político não seria um bom exemplo,
Lembro-me dos fariseus hipócritas, arrogantes,
Tive que expulsar aqueles vendilhões do templo,
Aqueles negócios, na casa de Deus, revoltantes.

A figura do professor, do mestre, me agrada,
Mas ele encarna o profissional injustiçado,
Ensinei muito, abri caminhos, vivia na estrada,
Em cada encontro, porém, me sentia ameaçado.

Percebi o grande divisor de águas que criei,
Entre os que ouviam e entendiam a verdade,
E aqueles que desprezavam tudo, só eu sei,
Antevia um futuro amargo, sentia piedade.

O sermão da montanha, aquele foi meu grito,
Foi como minha aula final, de encerramento,
Procurei deixar um legado, um gabarito,
Expus com clareza todo o meu ensinamento.

Quando escolheram Barrabás, eu tudo entendi,
Depois de curar cegos, leprosos, mortos ressuscitar,
Preferiram um ladrão em vez de mim, quanto sofri,
Do ser humano, imperfeito, tudo se pode esperar.

Muitos, porém, entenderam, muito bem, minha missão,
Por isso ressuscitei Lázaro, um homem bom, amigo leal,
Já Zaqueu, subiu numa árvore, pois era quase anão,
Queria me ver, me ouvir, sua procura era, de fato, real.

Ele era um corretor de impostos, um fiscal, ficou dividido,
Entre escolher a riqueza, o conforto, os bens materiais,
E o desprendimento, o amor ao próximo, meu pedido,
Não teve coragem, optou por sua rota, seguiu seus ideais.

Já Madalena vivia o amor até as últimas conseqüências,
Ela se expunha, sua alma era pura, sua doação era total,
Não tinha apego a riquezas, detestava falsidades e ausências,
Era um ser de uma beleza interior, de uma fortaleza sem igual.

Quando a salvei daquela terrível cena de apedrejamento,
Colocando aqueles cruéis agressores num dilema,
“Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” lamento,
Ninguém se atreveu, tão real e profundo era o tema.

Tomé, todavia, era pura dureza, vivia na total racionalidade,
Só acreditava no que via, ele sempre pagava para ver,
Eu o fiz tocar minhas chagas, para conseguir credibilidade,
Era muito exigente para consigo mesmo, mas era um belo ser.

Apesar, portanto, de ter todo o bem e a verdade semeado,
De ter formado uma multidão de seguidores, um professor,
Achei que o profissional seria aquele que de modo integrado,
Conseguisse formar uma unidade entre a alegria e a dor,

Que obtivesse o equilíbrio entre o imaginário e o real,
Entre o lógico e o ilógico, entre o princípio e o fim,
Entre o sonho e a realidade, entre o bem e o mal,
Entre o ódio e o perdão, enfim, um louco, igual a mim.

Para o louco o que pensa é real, uma verdade evidente,
Acredita nos outros, se alguém disser pula, ele pula,
Pois sente que nenhum mal irá lhe acontecer, naturalmente,
Ele se situa sempre entre a lucidez e a demência, não capitula.

Para ele só importa o presente, ele vive, respira, sorri,
Não liga para o que dele dizem, está com a verdade,
Não se abala com o abandono, com o que há de vir,
Ele está centrado na fé que tem na humanidade.

Todos os sábios e os gênios são considerados loucos,
Nas escolas encontramos muitas crianças deslocadas,
Ainda bem que não enviei demais, muito poucos,
Do contrário, além de excluídos, seriam isoladas."

De fato olhar o céu, o mar, a lua, a natureza,
E acreditar que existe um ser superior,
Que nos acompanha nos protege, com clareza,
Que existe uma outra vida, é loucura sim senhor.

Enxergar as pegadas de Cristo em nossa estrada,
Acreditar que ele afasta as pedras do nosso caminho,
Que ele zela pela nossa paz e acompanha cada empreitada,
No meio de um universo imenso, cheio de amor e carinho.

Muitos consideram esse gesto uma verdadeira demência,
Que não se coaduna, com a fortaleza que parecemos ser,
Que nada tem a ver com a genialidade de sua essência,
Mas quando estão ameaçados pedem a Deus para proteger.

Sempre ao levantar, antes de mais nada, rezo a oração do poder,
“Dai-me a segurança do teu amor e a certeza de que estais comigo”,
“tira de mim o medo que me invade”, a paz absorve o meu ser,
“proteja a minha família, ainda que seja por milagre”, me ligo.

“Fica comigo, para que eu não te abandone, jamais te esqueça”,
Saio tão tranqüilo para o trabalho, feliz que tudo correrá bem,
“ajuda-me a seguir-te sem olhar para trás”, entro de cabeça,
“Que se cumpra em mim a tua vontade e não a minha’,amém.

Eu sou um homem de fé e me orgulho muito disso,
Fico muito feliz se for considerado um louco,
Aqui está meu testemunho firme, nada quebradiço,
espero que me entendam de poeta tenho um pouco.





Nasci no Ceará, me formei em Filosofia
pela Faculdade de Filosofia em Fortaleza-Ce,
em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma-Itália,
em Economia, na Sorbonne - Universidade de Paris - França,
em Sociologia pelo Instituto Católico de Paris - França,
em Direito Internacional pela Universidade de Toulouse-França.
Fui professor durante 13 anos na Universidade do Vale do Sinos;
Na faculdade São Judas Tadeu e na Faculdade Porto-alegrense
 no Rio Grande do Sul.
Leciono há 19 anos na Universidade de Fortaleza - Unifor.
Atualmente sou Diretor Administrativo Financeiro do
Hospital Pronto Socorro de Acidentados
e sou Consultor de empresas.



Antes de tudo, um intelectual. Adora ler de tudo,
por essa razão, tem muita facilidade de escrever.
Nunca teve tempo de se dedicar à poesia, mas sempre gostou.
Quando via a sua "LINDINHA" esposa, Raquel Caminha,
trocando poesias pela internet, animou-se a escrever.
A torcida em casa era muito grande:
da mulher e das filhas Érika e Cássia.. Não deu para recuar...
e a internet ficou conhecendo o poeta, que, graças a Deus,
não pára mais...

PARABÉNS, AMIGO,
PELO ANIVERSÁRIO EM 18 DE AGOSTO!
Maria José Zanini Tauil
 

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