Meus filhos, suaves bárbaros

que me invadiram para me conquistar

e me fazer mais humana... mais mulher.

Trouxeram consigo um potencial transformador.

São seres de sons primordiais,

ondas cromáticas de profundo enlevo e mistério...

com moradia fixa no centro e na orla do meu coração.

 

Meus filhos são sinos, tambores,

flautas e me chamam para a vida.

Com eles, minha alma fragmentou-se

em mil certezas e diferentes

manifestações que me revelaram um tempo sem tempo,

embebido na atmosfera de um amor quase santo.

 

Em meu seio agasalhei-os.

Em minha vida foram e são a gênese do

fogo-luz da iluminação.

Que mágico é o correr da seiva da vida,

o gerar gente igual a gente no ventre, meu Deus!

 

Com eles, venci o medo,

fertilizei o vale da existência.

Hoje, eles são meus afluentes.

Cresceram e formaram famílias:

da mesma natureza, mas de cursos diferentes.

 

Somos, eu e eles, águas divididas,

mas nosso desaguadouro é o mesmo mar:

DEUS!

Por mais amplo que seja o leito,

não poderão outros navegantes neles navegar

 

Tiveram filhos, seus afluentes.

Os filhos dos meus filhos... meus filhos são.

Todos bebem dessa fonte

e se banham nessas águas profundas.

Florescem nas margens.

 

Por eles, rompo diques,

rolo pesados seixos,

dreno cada lágrima...

para a doce tarefa de dar a vida por eles,

se preciso for.

 

Midi: Eu sei que vou te amar

Richard Clayderman

 


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