Pus a alma no
varal
Recebi
claridade miúda
Que renovou
esperanças
Recolhi
oportunidades
Que a juventude
encerrou
Vácuos entre o
desejado
E entre o
acontecido
Paralisia de
sentimentos
Que não se pode
curar
Ainda sou
fortaleza habitada
E aos poucos
desarmada
Nos braços da
indiferença
Ainda sinto teu
olhar
Como o sol de
meio-dia
Na cumeeira da
casa
São entulhos de
uma vida
Nem sempre
bem-vivida
Cabendo dentro
de mim
Esse território
descampado
Já teve mil
sentinelas
Mas o amor
buscou brechas
E ainda ouço
acordes graves
Da sinfonia da
chegada
Mas os tempos
findos
Empurram sem
piedade
Para o
inacabado da alma
Lá, as horas
mortas
Movimentam
ponteiros
E olho-me no
espelho
O rosto não tem
jeito de início
Tenho cara de
epílogo
Exatamente como
o filme
Que finda... e
na tela
Sobem
vagarosamente
Os créditos de
nossa história...