ABÍLIO TERRA JUNIOR
Caminho em um território
conhecido
em que a relva que trava meus
passos
lembra-me o espesso e macio
invólucro capilar de uma vulva
nem todos sondaram este terreno
e os que aqui passaram deixaram
mais
do que suas feridas almas e
nervuras
alguns se encontram
no lago opaco do desespero
e outros no deserto sem fim da
posse
sinto um odor de carne macia
que me atrai
sei que sou um lobo solitário
austero e convicto do meu faro
subo o monte e percebo
milhares de almas
que passam no encalço das suas
odisséias
tendo por pano de fundo
o negrume azulado da noite
perfurado pelo brilho cambiante
de estrelas
que nascem e morrem em um
bailado indecifrável
uivo para a minha amante a lua
que me responde com um beijo
leve e doce
trazido por uma brisa
que me alimenta o coração
com passos calmos e pausados
dirijo-me a caverna escura
que conheço como ninguém
onde cumprirei
meu sagrado dever
de trazer paz
as carnes ansiosas
e as almas perdidas
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Ao grande poeta e amigo Abílio Terra,
minha
homenagem, meu carinho
e admiração pelo seu
talento.
Seu site:
OS HOMENS PÁSSAROS
abilioterrajunior.portalcen.org/autor.htm
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