Nel Meirelles



Existe em todo homem um poeta
e em todo poeta um homem.

Como xifópagos, entretanto,
apesar de intimamente ligados,
são seres diferentes,
cada qual com suas próprias características,
sonhos e vontades.

O poeta arruma palavras,
brinca com as sílabas,
experimenta sonoridades.
O homem arruma a vida,
trabalha,
faz a barba,
lê,
vai ao cinema
e pega ônibus.

O poeta transforma
o cotidiano em sonhos.
O homem vive seu cotidiano.
E sonha.

O poeta é livre para criar.
O homem é docemente
aprisionado pelo amor.

Em mim habitam os dois.

Tento ser poeta
e colocar vida em palavras.
Sou homem.
Amo uma mulher.

O poeta gosta de ser lido.
Gosta que gostem dos seus escritos.
Gosta de críticas e elogios.
O homem gosta de estar com a sua mulher,
gosta que ela  leia a sua alma.  

O poeta se expõe
e sangra poemas
por todos os poros.
O homem se reserva aqui
e se abre apenas para sua mulher.

Das palavras que comete,
vive o poeta.
Do amor de sua mulher,
vive o homem





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Nel Meirelles...Guardem esse nome
  
Ele transforma fatos banais em poesia
        
Lirismo e encantamento guardam seus escritos
Poeta do cotidiano, ao estilo drummoniano, conciso, direto,
paradoxalmente simples e suntuoso...
Grande Nel!
Todo o meu carinho e amizade
nessa singela homenagem

Maria José Zanini Tauil


 

Nel faleceu em 17 de novembro de 2006

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