Foi assim, meu diário: (Espero que um dia descubram um jeito de escrever
diferente, pois esses rolos de papiro são muito complicados)
Sou Melchior, rei da Pérsia. Combinei com o rei Baltazar, da Arábia, e Gaspar,
da Índia sair pelo mundo,contemplando estrelas. Nada de estranho nisso! Somos
chamados magos por sermos astrólogos (pensam que só os poetas vivem no mundo da
lua). Simbolizamos as três raças: semitas, jafetitas e camitas.
Prescrutando o firmamento, ficamos chocados com a presença de um novo astro.
Consultamos pergaminhos, papiros... por fim, a revelação: nasceu o rei de Judá,
filho de Davi. Os profetas afirmaram que nasceria em Belém. Expus aos meus
amigos o meu ponto de vista. Como soberanos, devíamos prestar preito àquele
menino que seria o monarca de todos os povos. Compramos nossas prendas e
seguimos viagem.
Chegamos a Canâa. Indagamos: "Onde nasceu o rei?" Ninguém sabia dizer. A nossa
curiosidade chegou até Herodes, rei da Judéia. Muito interessado, ele pediu-nos
que lhe avisasse, caso encontrássemos o menino, pois ele também queria
render-lhe homenagens.
O povo vivia oprimido e ansiava pela vinda do Messias. Ele libertaria o povo de
Deus, cumprindo a palavra do salmista...
Seguimos aquela estrela diferente. Ela parava num determinado lugar. Chegamos ao
menino. Ele havia nascido há alguns dias. Que alegria imensa em contemplá-lo!
Até os animais pareciam entender a importância daquela criança. Tive a ligeira
impressão que as ovelhas sorriam. Os pastores cantavam pelos campos. A mãe do
menino, uma jovem mulher, lavava uns panos numa nascente e colocava-os numa
cordinha para secarem. O homem cuidava de um caldeirãozinho suspenso por um
arame sobre uma fogueirinha. Tanta humildade para um rei... mas ali havia luz,
havia amor e muita paz no olhar daquela família.
Humildemente nos curvamos. Reconhecemos a divina realeza. Demos exemplo de
submissão aos desígnios de Deus. Entregamos as prendas: ouro, incenso e mirra,
que simbolizavam: o ouro, a realeza, o incenso, a divindade e a mirra, a
imortalidade do novo rei. (Acho que a tradição de dar presentes começou conosco)
Passamos para a história como exemplos da fé que vê mais longe, além dos
horizontes humanos, das realidades materiais. Vimos ,em meio a pobreza, um
recém-nascido, mas intuimos a presença do Salvador na fraqueza de uma criança.
Víamos nele o invisível: a divindade.
Chegamos até ali seguindo pela estrada da curiosidade humana. Voltamos para os
nossos reinos fazendo outro percurso. Nem pensar em levar a notícia a Herodes!
Um anjo nos alertou.
Nosso caminho de volta foi inesquecível, iluminado
pelo Menino-Rei. Aliás, nossos caminhos nunca mais foram os mesmos. A vida
prosseguiu com um novo sentido, anunciávamos o que vimos, o que sentimos, o que
nossas mãos tiveram a graça de apalparem. Ali começamos a desvendar o plano de
salvação que o Pai nos deu a graça de conhecer em Jesus... e nos imortalizamos
nas páginas do evangelho:
"Vimos a sua estrela e viemos adorá-lo" Mateus, 2,2
Midi:
Reis Magos
Arranjo de Geraldo Magela
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