Pobre menino,

descalço,

pelas ladeiras do Rio

que não sabe o que é natal,

que nem ganha presente

e dessa alegria

sempre esteve ausente

 

Pobre menino,

sofrido

das noites frias do Rio,

com mãos estendidas

nas praças e avenidas

e dormindo em jornal

 

O transeunte,

que passa,

já tão acostumado,

não olha ou tem medo

do corriqueiro cenário

 

Pobre menino,

faminto,

que implora pão amanhecido,

mesmo que seja aquele

que o diabo

acabou de amassar

 

Pobre menino,

desnutrido,

magrelo,

franzino,

que faz estágio

pra ser marginal,

nas ruelas que corrompem

que zombam

de sua fragilidade

 

Pobre menino,

sem futuro

que carrega às costas

as dores do mundo,

que mais cedo ou mais tarde,

será encontrado,

sem vida,

num beco sujo ...

escuro...

 

Enquanto isso,

as belas ruas do Rio

se iluminam para o natal...

 

Midi: Pequeno que se fez nosso irmão
Arranjo de Geraldo Magela


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