Confete, pedacinho colorido de saudade ... Ai, Ai, Ai, Ai,
Ao te ver na fantasia que usei 
Confete, confesso que chorei...
              David Nasser e J. Junior






Carnavais de anos atrás
Que boas...
que grandes lembranças!
Era só vestir uma camisa listrada,
sair por aí,
paquerando todas e cantando
"linda morena, que me faz penar,
a lua cheia, que tanto brilha,
não brilha tanto quanto o teu olhar."..
ou então,
"o teu cabelo não nega, mulata",
ou mesmo,
"Lourinha, lourinha, dos olhos
claros de cristal...
Dessa vez, em vez da moreninha
serás a rainha do meu carnaval"...

Por onde andarão
colombinas e arlequins
pierrôs entristecidos
com seus bandolins?
Os amores do passado...
Por onde andarão?

Com que perspicácia e malícia
compositores exploravam,
com humor,
questões políticas e sociais!
A falta d` água...
o custo de vida....
o preço da moradia...
E o folião dançava...cantava,
ria de si mesmo,
pelo menos por três dias,
dava um basta aos problemas...
das tristezas esquecia...

Enquanto a estrela Dalva
no céu despontava
e a lua ficava tonta
com tanto esplendor...
Quantos beijos roubados,
em momentos fugidios
de súbito arrebatamento...
Sem promessa...
Sem conseqüência...
Sem futuro...
Só pelo prazer do minuto...
"Vou beijar-te agora,
não me leve a mal,
hoje é carnaval"...

Não se falava em drogas,
os pais não temiam a violência...
só existia a turma do funil,
ninguém dormia no ponto...
Nós bebíamos...
eles ficavam tontos...

Hoje...a era do samba enredo,
letras tão chatas...monótonas
Carnaval é só saudade
com gosto amargo de desencanto...
Por que não resgatar
a obra de Lamartine,
Noel e Braguinha?
O povo que não preserva
suas origens,
perde sua identidade...
Que juventude carente
de conhecimento,
do patrimônio cultural
de seu país!...
Essa é uma triste verdade...

Nosso carnaval é vendido
para o mundo...
A mulher é vista
como mercadoria...
silicone...rainha da bateria...
Não é só o morro que desce
para cair na folia...
É o carnaval da riqueza
do exibicionismo,
da luxúria,
da ambição desmedida...

Parece mentira que um dia,
Chiquitas bacanas, da Martinica
após o último toque do clarim
de Cidade Maravilhosa
vinham pela madrugada,
em grupos...brincando...rindo...
corpos exaustos...suados...
confetes colados à pele
e muita disposição para cantar
acordando a vizinhança
"Pela saudade que me invade
eu peço paz"...
O sono...os olhos pesados...
dormir só um pouquinho
e começar tudo de novo...
"Você pra lá, eu pra cá
até quarta-feira"...
É...acabaram com nossa
tão autêntica festa popular,
na ânsia do dinheiro fácil...
Agora...é só recordar...
"Vem, pierrô, a tua sina
era chorar a colombina
nos carnavais
que não voltam mais...

 

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