Poeta tem fases
Como a lua
E ferramentas diversas
Pra conceber seus poemas
Foi Deus quem deu
A cada um deles
o poder de ser obreiro
Ele se recolhe
Às vezes num abandono total
Podem tirar-lhe a caneta
Esconder o papel na gaveta
Ele ali está...
Mas o pensamento
Voa como passarinho
E em cada tarefa cumprida
planta a esperança
Podem tirar-lhe o computador
Na mente recolhe sua dor
Mas persiste a ansiedade
De conseguir com palavras
Atingir sensibilidades
E tudo se torna diferente
Dá-se então o baixo astral
Que chega a ser conflitante
Se louco, não sei
Mas poeta tem magia
Mais cedo ou mais tarde
O veremos agachado
Com uma pedra do lado
Remexendo a fogueira
Percebe-se então
Que o poeta está
Em quarto minguante
A brasa lhe queima
Mas nem se importa com dor
Carvão do fogo queimado
Escrevendo seu passado
Risca, rabisca
novamente se concentra
e risca, rabisca...
Mas algo está para mudar
Ele fica novamente inspirado
Faz-se novamente enamorado
Parece se apaixonar
Uma pequena luz
Ilumina seu ser
Lê poesias feitas por uma mulher
E no peito o sentimento alimenta
Busca correndo essa amada
Ela e a natureza
Estão ali
Expostas à sua frente
Encontra a poetisa na praia
Sentada,
Rodando a saia
Olhar perdido...distante
Buscando o poeta enamorado
Também ela se encantara
Com seus românticos poemas
Pois eles falam
de rosas lindas e perfumadas
e de noites iluminadas
pela lua e por estrelas
Torna-se mais exigente
E percebe-se assim
Que o poeta está em quarto crescente
No peito, o calor da juventude
E a poetisa exulta
Quer explodir em alegria
Só pensa em fazer poesia
E escreve na areia
Com o sangue de sua veia
Sobre o amor que enlouquece
Mas que ao coração aquece
E o poeta sorri,
Mais se apaixona, chora
Entra na fase da lua nova
Abraça a mulher amada
O sabor de seus lábios prova
E como sentido de poeta
Tem mais sabor e tem cor
Abre as janelas do vento
E grita versos de amor
É o próprio louco
Daqueles lá do hospício
Recitando seus delírios
Ele vê uma beleza
Visível só pra quem ama
Nele tudo se renova
E a poesia flui
Em estrofes ou em prosa
Os mais ricos, jamais vistos
Vindos do peito, martírio
Um louco capaz
de entender de flores
de lua e de estrelas
Tudo nele se clareia
Ele é poeta por fim
Da fase da lua cheia.