Às vezes, vejo o mundo

como filme estrangeiro

sem legenda...

sem som...

Tento decifrar diálogos

cenas...paisagens

mas pouco percebo

da trama real...

Será que existe poesia?

 

Às vezes, me perco a olhar

os peixinhos no aquário

abrindo... fechando a boca

mundo pequeno...

mundo monótono

(nada poético!)

 

Às vezes, fito velhas fotografias

que não ficam (para mim) abstratas

Olhos me fitam e dizem tudo

porque não conseguem

se desumanizar de todo...

mas... nostálgicas,

não me inspiram poesia

 

Às vezes, divago olhando

estrelas tão altas... distantes velas

ancoradas no imenso cais

do grandioso céu...

Até dá vontade

de fazer poesia!

 

Às vezes, me ponho a ler Quintana

Entro nos becos da Rua dos Cataventos

Rezo na Missa dos Inocentes

E ouço a voz do poeta

Por entre páginas amareladas

“Queria que eu falasse de poesia?”

 

 

Midi: Romance

Andre Rieu

 


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