Se o tempo
parasse, confesso, reveria meus afetos,
voltaria ao passado,
te colocaria
num
trono todo cercado de flores.
Tia Vera, dos
filhos emprestados,dos netos emprestados,
dos afilhados emprestados.
Ah, tia Vera! O
tempo amputou a tua memória, quebrou teus elos!
Já não
partilhas prazeres, nem assimilas pesares.
Onde foi
parar a tua dedicação?
E a
preocupação desmedida?
E a ânsia de
ser insubstituível?
Hoje, em grande
solidão, não guardas nenhum registro;
nem marcas
tens no teu coração perturbado.
Acabou o teu
nível de ansiedade, o passo desesperado,
os longos
tempos de espera.
Tuas feridas
cicatrizaram sem serem cuidadas.
Teu gesto foi
interrompido, a tua figura magoada, cansada,
sofrida,
simplesmente está perdida nesse teu corpo
onde a
senilidade penetrou sorrateiramente,
onde a
demência se infiltrou e o esquecimento e
a falta de lucidez se instalaram.
Guardas vaga
ideia de tua identidade;
as fraldas, de
vez em quando te incomodam,
mas já não te deixam envergonhada.
A falta de
interesse não está no teu controle
e teu olhar
vazio não reflete o que sentes.
Teus braços já
não obedecem para o abraço amoroso.
Tua ponte
partiu-se, tia Vera.
Perdeste o caminho de volta para sempre
À uma grande e
querida amiga, que muito me ajudou
na criação dos
meus filhos e hoje sofre de Alzheimer:
Vera Lacerda
Meu carinho e
meu amor...sempre!
Vera e sua afilhada, (Viviane, minha filha com 6 anos)
+ Crõnica escrita em
dezembro de 2010,
publicada em janeiro
de 2011.
Vera faleceu em 8
de abril de 2011
MIDI: AQUARELA
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