11 meses                                             21 anos

 

 

 

 

“Louvada seja a Santa Poesia, que articulou para mim

o absurdo e me fez viajar no sonho e fazê-lo realidade.”

O maior sonho: ser mãe. Não importava o sexo. Eu queria um bebê. Tive o meu menino e vivemos momentos incríveis. O segundo sonho: ter uma menina. Só tive duas bonecas na infância. Brincar com elas era um exercício de maternidade. Quando a Alice já estava sem cabeça, ganhei a Vanda, aos 9 anos, e ela teve até batizado, com bolinho açucarado e madrinha. Minha amiga Bárbara, talvez nem lembre, foi minha comadre.

Um dia, você chegou na minha vida, Viviane, 17 de setembro de 1978, Hospital Fabiano de Cristo, 8:30h. Parecia um cálice de cristal, de tão frágil: 2,400 kg. Saiu do hospital com 2,100 kg. (bebês sempre nascem inchados). Seu choro era um miado: uma gatinha de 47 cm. Voltei a brincar de bonecas; essa, real, no meu ventre gerada. A única tristeza que tive desse tempo foi de não poder amamentá-la. Com um mês, permanecia com pouco peso e foi necessário complementação com outro leite. No segundo mês, já tinha quase cinco quilos. Você, no entanto, amamentou Camilla, Rafaella e Gabriella até os dez meses.

A minha menininha foi todos os personagens possíveis, nas festas de aniversário. Creio que as melhores lembranças da infância foram justamente essas festas, para as quais eu dedicava todo o meu tempo livre, um ano de preparo, nos enfeites, cenários, toalha e painéis.

Na escola era brilhante sem ser a melhor; que o diga a tia Aidee, tão marcante na sua educação, sua professora por quatro anos, hoje nossa amiga de facebook. No segundo segmento, uma escola religiosa, de freiras, onde muitos valores foram acrescentados à sua formação. Depois o ensino médio, no Colégio Militar, concorrendo a cinco vagas oferecidas à Polícia Militar. Foi aluna de distintivo azul, de honra ao mérito, pelo desempenho.

O sonho era a Academia Militar das Agulhas Negras, mas essa não abriu suas portas para mulheres. Você se realizou através do seu irmão, incentivando-o, conseguindo material de estudo e partilhando segredinhos para que fosse surpresa para nós. O outro sonho era a medicina. Difícil conciliar estudos e namoro, mas você queria as duas coisas. Foi parar na área da saúde, sim, mas em Educação Física, na UERJ. Também começou Direito, na Universidade Gama Filho, mas não era sua praia.

A juventude foi floreada com alguns trabalhos esporádicos, em desfiles de moda, catálogos de propaganda e dando aulas de jazz. Também ganhou troféus e prêmios, onde valorizavam expressividade, presença, beleza e simpatia. Aos oito anos foi "Criança-Sorriso" e aos dezessete foi "Gata Dance Music", ganhando a página central de uma revista e uma bicicleta, além de faixa, troféu e flores. Não foi um carro... mas que importa? Sua mãe babava na primeira fila, desde as apresentações de jazz, quando menina e jovem. Voltava à juventude através de você.

E sua festa de quinze anos? "Uma Noite em Hollyood,” musical de cinema, coreografias maravilhosas, onde você era a personagem principal, junto com seus vinte e oito amigos, quatorze meninos e quatorze meninas, além do seu príncipe, Rodrigo Marçal, que hoje é padrinho de sua filha Camilla, seu amigo desde o Jardim de Infância. Aquela noite, no Clube Riviera, jamais sairá de nossas lembranças e seremos sempre gratos à equipe Fascinação: Regina Celi, Flávia e Ana Regina, cerimonialistas e coreógrafas, que, com jogos de luzes, fumaça , belíssimo cenário, um locutor- radialista, um comovente texto e lindas músicas de fundo, tornaram real a sua noite de sonho.

Missa:17/09/93 Igreja N.S.Conceição /Nilópolis

Festa: 18/09/93 Riviera Country Club / Barra da Tijuca

 

 

Um baile na AMAN trouxe-lhe o amor de sua vida. Estava escrito, pois, se existe a outra metade da laranja, ela foi encontrada ali, no dia da formatura de seu irmão, que você nem queria ir, devido a crises aborrescentes e foras de época. O príncipe dos sonhos: Rodrigo Valente Gonçalves, o segundo-tenente Valente.

Depois casamento, maternidade e achei que você seria uma dona de casa, desempenhando brilhantemente o seu papel de esposa e mãe. Só que havia um grande homem à frente da grande mulher. Não queria uma mulher de avental e, muitas vezes, ficou à sombra para que você brilhasse. Você iniciou o curso internacional de pilates, em Porto Alegre, cinco horas de viagem pela madrugada, para aulas aos sábados e domingos. O Rodrigo cuidava da casa e das filhas. Esse curso lhe proporcionou segurança no método e a inauguração de dois estúdios, montados para atender uma clientela refinada, tanto em Rosário do Sul, quase fronteira do Uruguai, quanto em Tucuruí, no Pará. O fato de lidar com médicos e ser indicada para sua clientela, levaram-na a se esmerar nos conhecimentos, estudar com afinco naquele livrão de Anatomia, o mesmo usado pelos cursos de Medicina e Educação Física. Não havia um só músculo ou osso que não soubesse o nome e função. Nas tantas viagens para acompanhar marido, nunca deixou de estudar. Foi o inglês, as pós-graduações e a Faculdade de Fisioterapia, terminada no meio desse ano, ficando em primeiro lugar geral da instituição, com média 9,4.

Igreja Santa Cruz dos Militares/ Centro 4/12/99

 

E quantos amigos? Fizeram muitos por todos os lugares que moraram. Longe das famílias, esses passavam a ser irmãos , uns ajudando os outros. Moraram em Dourados, um oásis em Mato Grosso do Sul; Rosário do Sul, no Rio Grande; Tucuruí, no Pará... e Recife, em Pernambuco. Por fim, a volta ao Rio, depois de dez anos. Cresceram como casal.

Aqui, sempre incentivada pelo Rodrigo, fez prova de títulos para a Aeronáutica e preencheu as 19 vagas existentes na área de Educação Física. Depois do curso, enquanto tantos desistiram, foi a primeira classificada, de todas as áreas, recebendo diploma e plaqueta das mãos da autoridade maior, presente na solenidade de formatura.

Base Aérea dos Afonsos / dez/13

 

 

Paralelamente, suas três filhas crescem. O tempo ao lado delas é bem dosado. Não são carentes de mãe, ao contrário, têm muito orgulho e consciência de que não poderiam ter pais melhores.

Onde, minha filha, você encontraria um sogro-pai como o Henrique, um amigo e confidente, que a ama como filha e vibra com as suas vitórias? Onde, filha, você encontraria uma sogra-mãe como a Juçara, que cuida de suas meninas, de seus uniformes e, principalmente, de sua farda, sempre impecável, de seu jaleco branquinho e bem passado, dos tantos estágios e aulas?

Já reparou que a vida lhe sorri desde que nasceu? Ao lado do Rodrigo e seus pais também cresce espiritualmente. Sabe ser amiga de seus amigos, é generosa, doce, sensível, sempre de mãos estendidas a quem precisa.

Há 36 anos, a doutora Inah Soutto Mayor, hoje com 92 anos, minha amiga na rede social, exclamou quando você nasceu: "É uma menininha! Nasceu a Sabrininha!" - Sim, seu nome seria Sabrina. Seu avô João, ao vê-la tão miudinha, logo ele, tão discreto, exclamou: "esse nome não combina com ela. É pesado!". Eu não tinha outro nome previsto para menina, mas creio que um anjo me segredou e logo retruquei: " e Viviane?" - ele me respondeu: "Ah, esse sim, combina!" - O Conceição veio por conta da promessa de sua mãe. Eu fiz a promessa e você "pagou o pato", mas quanto bem ele lhe fez! Foi consagrada naquele altar da Igreja N. S. da Conceição, em Nilópolis, no batismo. Assim como você foi muito amada por sua madrinha da terra, Vera Lacerda; a madrinha espiritual, madrinha-mãe e intercessora, sempre a protegeu, filha, junto ao seu filho Jesus.

Mais vitórias virão, tenho certeza. Nada me surpreende em você. Sua luz é natural, sem riscos de apagão. Quinze anos de casamento não fizeram você e o Rodrigo virarem parentes. Estão enamorados, são cúmplices, companheiros que falam a mesma língua: a do amor. Suas filhas a amam e miram-se no espelho que têm à frente, como mãe, mulher, profissional, filha, irmã e amiga.

Deus não foi bom só com você, filha. Conosco também. Seu pai, pouco dado a emoções, chorou na sua formatura, ao vê-la aclamada como primeira colocada, diante de mais de 400 formandos de diferentes áreas. Uma prova de amor também foi deixar de fumar, quando você nasceu. SE chorei? Não... não foi novidade para mim.

Não poderia ter filhos melhores. Vocês são cópias nossas, atualizadas e aperfeiçoadas pelo Criador.

Não a parabenizo somente, mas a mim também, por Deus achar-me merecedora desse presente de aniversário, quatorze dias depois de completar trinta anos. Obrigada, Senhor! A minha filha é realizada e feliz! Conserve-a assim!

35 anos 17/09/13

 

 

 

 

Midi: Kenny  G - ForeverIn Love

 

 


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